Queremos que este seja um espaço de AMOR. Um espaço onde podes partilhar o teu AMOR. Aquele que tens e aquele que não tens. Encontra-o aqui. Quem disse que precisamos de coisas elaboradas? Uma (simples) palavra mostrou-te que o AMOR existe? Mostra-nos. Partilha-a. Faz deste blog o teu cantinho do AMOR. E depois? Depois partilha-o com o mundo.
domingo, 7 de março de 2010
22nd love day
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha, é sal, ou precisão de
amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto, o que é entrega ou adoração
expectante, e amar o inóspito, o cru, um vaso sem flor, um chão de
ferro, e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de
rapina.Este o nosso destino: amor sem conta, distribuído pelas coisas
pérfidas ou nulas, doação ilimitada a uma completa ingratidão, e na
concha vazia do amor a procura medrosa, paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa amar a água
implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
Carlos Drummond de Andrade
Reginaldo "Júnior", Aljezur, Algarve
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